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Crianças “agarradas” aos telemóveis

Uma em cada três crianças está mais de cinco horas por dia num dispositivo móvel. O mais preocupante é o facto de estarem em frente ao smartphone ou a um computador e poderem ver o que querem, sem qualquer supervisão parental.

Os estudos e estatísticas comprovam-no: as crianças não largam a Internet. Há também cada vez mais, os que jogam online e para isso tem de haver um maior equilíbrio nas suas vidas, como também um maior controlo por parte das famílias.

O que fazem em frente ao ecrã?

Jogam e estão nas redes sociais. Um estudo revela que o gaming é sobretudo uma atividade de rapazes, com cerca de 25% de utilização, enquanto as raparigas se ficam pelos 17%.

Os riscos maiores de utilização têm que ver com a exposição às redes sociais e o tempo excessivo nos jogos. Os jogos tem um potencial aditivo, porque são desenvolvidos por etapas e tem recompensas intermitentes e quanto mais novos são os utilizadores maior é o potencial aditivo, o tempo dos jogos devia ser controlado, e a utilização de aplicações de controlo parental que permitem estabelecer limites de utilização que devem ser negociadas com as crianças.

Existem sinais de alarme em que podem estar a começar a estar viciados, ficar atento a alguma irritabilidade quando se tem que desligar um jogo, ou quando há dificuldade em passar para a vida real.

As redes sociais estão a ter impactos na forma como os jovens olham para si próprios e na necessidade de sentir a tal aprovação social.

É na adolescência, que se estabelece mais seriamente a nossa identidade própria e se isso é feito tendo por base as redes sociais, onde a realidade é embelezada, vamos acabar por criar expectativas desfiguradas da realidade.

Enquanto pais, devemos ajudar os jovens a ter um sentido crítico respeitar as idades mínimas, definidas pelos operadores para utilizar estas redes. Assim em jeito de comparação é como se estivéssemos a colocar Ferraris nas mãos das crianças e jovens e para isso temos que dar-lhes cartas de condução adequadas.

Diminuir a concentração

Não podemos responder em absoluto que é preocupante a elevada utilização do smartphone, porque atualmente existe uma maior tomada de consciência sobre o risco ligado à utilização excessiva que pode atingir uma adição.

Mas não vamos fazer uma caça às bruxas e dizer para deitar fora os telemóveis. O uso do smartphone também tem coisas positivas, mas uma utilização excessiva por exemplo, leva a problemas de diminuição da concentração e uma realidade confirmada por professores e educadores é que temos crianças menos concentradas e interessadas, e que não gostam de aprofundar as coisas, cada vez mais é uma realidade presente.

No livro “La Fabrique du crétin digital”, Michael Desmurget traça uma quadro negro sobre os efeitos nocivos do uso excessivo de tecnologias. Citando um estudo feito a 125 mil jovens dos 6 aos 19 anos conclui que “há uma forte associação entre a utilização de smartphones à hora de dormir e um número de horas reduzido de sono e a uma sonolência excessiva durante o dia”.

Os jovens que utilizam excessivamente as redes sociais tornam-se mais isolados, têm mais dificuldade nas competências sociais, uma autoestima mais baixa e uma diminuição no rendimento escolar. Têm também níveis mais elevados de depressão e de ansiedade.

Outra das consequência é o défice de atividade física.

Os estudos revelam que, atualmente, um adolescente de 18 anos tem o mesmo nível de atividade física de uma pessoa de 60 anos, o consumo digital por lazer está completamente fora de controle.

Acabando por se tornar  vítimas deste tempo dedicado a tecnologias, esquecendo as muitas atividades essenciais ao desenvolvimento: o sono, a leitura, os contactos familiares, os trabalhos de casa, o desporto e atividades artísticas.  Para vários especialistas menos ecrãs é mais vida.

Os exemplos que damos em casa

Os smartphones facilitam a nossa vida: lembram-nos de compromissos e nos divertem. São os nossos noticiários e o contato com o mundo exterior. Portanto, não é de se admirar que todos olhemos muito para os nossos telefones, o que se pode refletir também nos bebés.

No entanto, a Internet não é recomendada para bebés e crianças pequenas. Mesmo que seja tentador pelo facto da criança “ficar sossegada”, é importante reforçar que smartphones, tablets ou televisões não são educadores.

Crianças menores de três anos não devem ter aparelhos digitais. O que pode funcionar é olhar para um livro com imagens, contar histórias ou mostrar fotos de família.

As crianças entre os três e os seis anos não devem ficar por mais de 30 minutos por dia. E entre os seis e os dez anos, recomenda-se no máximo 45 a 60 minutos. Portanto, se essa é uma realidade distante da sua família, está na hora de repensar.

O exemplo vem sempre dos mais velhos, e porque os mais novos também vêm os pais sempre agarrados ao ecrã. Podemos fazer o exercício de tentar perceber  quantas horas passamos ligados mesmo fora do contexto profissional.

Será que também podemos estar viciados? E se afinal, estamos todos? Já alguma vez parou para pensar, e ver quantas horas passa por dia no seu smartphone?

 

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