Classificada como um transtorno de ansiedade, a fobia escolar está entre os distúrbios que afeta muitas crianças e pode ter sérias consequências para o seu desenvolvimento.
Por isso, é importante compreender do que se trata e como podem os pais e educadores ajudar os pequenos a superá-la. Para tal, é preciso enfrentar este desafio e criar um ambiente escolar mais seguro e acolhedor, para ajudar as crianças a superarem o medo de ir à escola.
Muitas crianças estão prestes a iniciar um novo ano letivo, e enquanto isso é motivo de animação para alguns, para outros o regresso à rotina mostra-se um desafio.
Isso acontece devido à fobia escolar, também conhecida como ansiedade escolar. O termo é usado para descrever a ansiedade e o medo associados à escola, que se pode manifestar de muitas formas e muitas vezes começa no jardim de infância.
Algumas crianças recusam-se a ir ao jardim infantil ou à escola, e mostram até sintomas físicos, como dores de estômago, dores de cabeça e náuseas. Mas, por que razão algumas crianças desenvolvem esta fobia? A verdade é que este tipo de ansiedade pode ser desencadeado por diversos fatores.
Estes incluem dor de separação, pressão, problemas de relacionamento, mudanças na rotina ou eventos traumáticos. Por isso, a fobia escolar pode ter um impacto significativo na vida da criança, afetando o seu desempenho na escola e bem-estar emocional até idade tardia.
É importante que os pais expliquem à criança, na medida da sua capacidade de entendimento: “logo o pai vem”; “vais comer a comida da escola”; “vais brincar com os outros meninos”; “vais dormir”.
É importante que os educadores autorizem a criança a levar de casa um objeto de transição: este objeto representa, segundo a teoria da vinculação (Bowlby), um prolongamento da relação familiar, nomeadamente a relação de segurança com a mãe. Pode ser um boneco de peluche, um livro, um carrinho ou a coberta de estimação.
É frequente as crianças de três anos precisarem ainda de levar para o jardim de infância a chupeta ou a fralda. Os educadores devem progressivamente ajudar a criança a libertar-se delas – usar só à hora de dormir, por exemplo – e tornar festivo o momento em que a criança já não precisa destes objetos.
Os pais devem entregar a criança de forma progressiva: no primeiro dia, devem manter-se ao lado da criança, de modo que ela conheça o ambiente a partir do “porto seguro” que são os pais: alimentá-la, pô-la a dormir, vesti-la ou mudar-lhe as fraldas, etc.; depois, os pais ausentam-se apenas por uma hora ou duas; progressivamente, deixam a criança sozinha uma manhã e, depois, o dia todo. É natural que, no início da semana, chore, mas, nos dias seguintes, já estará adaptada.
Se, após algum tempo, a criança não se tiver adaptado, será talvez importante consultar o pediatra ou pedopsiquiatra, mas, antes, deve conversar com o educador: talvez a criança chore à hora de chegada ou à partida e, depois, vá serenando ao longo do dia. A brincadeira conjunta com outros meninos pode ser estimulante!
Não esquecer que a ansiedade dos pais pode transmitir-se aos filhos. Ainda que entendamos essa ansiedade, é importante lidar com ela, conversar sobre ela com o educador, eventualmente, telefonar a meio do dia para saber se a criança está bem e, depois, confiar na instituição e nos seus profissionais.
Passada esta fase, os pais devem interessar-se pelas atividades que a criança desenvolve na escola: pedir que conte o que fez, cantar com ela a canção que aprendeu na creche ou no jardim de infância, apreciar o desenho ou a modelagem, afixar na porta do frigorífico esses trabalhos ou ler à noite um livro que a criança tenha lido durante o dia na instituição.
Este processo deve ser feito com serenidade e confiança, na certeza de que mais tarde ou mais cedo a criança fará a sua adaptação, aprenderá a conviver com as outras crianças e a apreciar as atividades e as rotinas. E será a primeira, logo de manhã, a querer pôr-se pronta para ir para a creche ou para o jardim de infância!
O que os pais e os educadores podem fazer para ajudar as crianças
Há muitas formas de os pais e os educadores podem ajudarem as crianças a enfrentar este problema.
Neste sentido, deixamos algumas das estratégias mais eficazes.
1 – Comunique-se abertamente
O primeiro passo é estabelecer uma comunicação aberta com a criança. Faça perguntas gentis e ouça as suas preocupações.
Entender a causa subjacente da ansiedade escolar é fundamental para ajudar a abordar o problema.
2 – Envolver os educadores
É importante que os pais trabalhem em conjunto com os educadores e a equipa escolar.
Afinal, eles estão numa posição de observar comportamentos ou situações que a família não tem acesso.
Assim, juntos, é possível desenvolverem estratégias para apoiar a criança.
3 – Crie uma rotina estável
Estabelecer uma rotina consistente pode ajudar a reduzir a ansiedade. Além de que as crianças vão sentir-se mais seguras quando souberem o que esperar.
Isso inclui estabelecer horários regulares para dormir, comer por exemplo.
4 – Promova um ambiente seguro em casa
Garanta que a criança se sente segura em casa e que pode expressar as suas preocupações sem julgamento. Evite pressioná-la ou fazer comparações com outras crianças.
5 – Ensinar estratégias para enfrentar dificuldades
Ajude a criança a desenvolver estratégias para lidar com o stress e a ansiedade.
Algumas práticas interessantes são técnicas de relaxamento, meditação ou exercícios de respiração.
6 – Procurar ajuda profissional
Se a fobia escolar persistir ou piorar, é importante procurar ajuda profissional.
Os psicólogos e os terapeutas especializados em crianças podem oferecer apoio e estratégias adicionais.
7 – Celebre pequenas vitórias
Enfrentar o medo não é um desafio fácil, por isso é importante reconhecer e celebrar cada pequena vitória.
Superar a fobia escolar pode ser um processo gradual, logo é fundamental demonstrar apoio e incentivo ao longo do caminho.
Através da compreensão, do apoio e da intervenção adequada, é possível ajudar os pequenos a superar este medo.
Lembre-se que cada criança é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra.
No caso de não funcionar, a forma mais eficaz de dar resposta à problemática é procurar a ajuda de um profissional na área da saúde. O método mais comum de tratamento passa por consultas de acompanhamento psicológico.
Por isso, seja paciente e adapte as estratégias conforme necessário para atender às necessidades específicas da criança em questão.