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Há crianças a usar cremes anti-envelhecimento

Primeiro, limpa a pele do rosto. Depois, aplica um spray que, segundo a descrição que aparece em sites de lojas de cosméticos onde é vendido, “proporciona uma hidratação enriquecida com antioxidantes” e destina-se a “peles baças e cansadas”.

A seguir, espalha outro produto hidratante, um creme que “reforça a barreira essencial da pele” e contém ceramidas (lípidos que se encontram naturalmente na pele, mas também estão presentes em cosméticos), colesterol, ácidos gordos, niacinamida (vitamina B3) e chá verde. 

Por fim, aplica um sérum, igualmente hidratante, mas com ingredientes diferentes, entre os quais ácido hialurónico. Isto seria normal se fosse usada por pessoas com mais de 40 anos, o que preocupa é que este ritual está a começar a ser comum em crianças a partir dos 9 anos.

O melhor creme hidratante, o esfoliante mais eficaz ou a ordem “certa” para usar os produtos. Qualquer pergunta sobre “skincare” (cuidados de pele, em português) parece poder ser respondida com uma simples pesquisa por palavras-chave no TikTok.

E atualmente, utiliza-se uma vasta gama de produtos anti-envelhecimento e de cuidados com a pele sem supervisão de um profissional e desde idades muito jovens. 

Influenciadas pelas redes sociais, que promovem modelos de beleza e cheias de recomendações não qualificadas, vão procurar um cuidado com a pele que não corresponde a uma necessidade concreta. 

A razão pela qual as crianças e jovens os utilizam é porque, de uma forma ou de outra, todos somos suscetíveis aos padrões de beleza.
Ao mesmo tempo, as redes sociais têm uma grande influência na definição das tendências em relação aos parâmetros estéticos, e qualquer pessoa sem qualificação profissional pode postar recomendações. 

Estas escolhas têm consequências, como alergias e outras patologias. Os dermatologistas alertam, entre outros, para a importância de ler rótulos e deixam um aviso: há cada vez mais jovens com problemas de pele. 

Assim, ao utilizar estes produtos, “pode estar a causar disrupções da barreira cutânea e até a causar ou precipitar algum problema de pele, quando não hé essa necessidade.

No fundo, certos esfoliantes vão estar a causar uma inflamação e uma irritação da pele bastante incómoda, com prurido e dor. Portanto, em casos específicos, pode haver a necessidade de consultar um dermatologista, para iniciar uma terapêutica mais específica para essa idade.

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