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Como Falar com os seus filhos sobre a Guerra

Estamos a viver aquela que, para muitos de nós, será a sua primeira verdadeira guerra. Antes, aprendíamos sobre as guerras nas aulas de história e pareciam ser algo meio fantasioso, quase inexistente. Hoje, as crianças têm esse contato muito mais cedo e, muitas vezes, de forma desastrosa.

Estamos a assistir a uma guerra diferente daquela que os nossos antepassados travaram há muitos anos, uma guerra que se apresenta na televisão, nos jornais e na internet vai entrando de forma sorrateira nas nossas casas, sendo violenta mas também desconhecida, sendo por isso temida por todos nós.

Tudo o que é desconhecido e imprevisível provoca-nos ansiedade, angústia, medo e desespero.

É por isso que, embora seja difícil para todos nós lidar com a atual situação, é fundamental que nós, adultos, mantenhamos a calma e o discernimento necessário para ajudarmos as nossas crianças a ultrapassar este período difícil.

Mas como? Se não sabemos o que vai acontecer e como isto vai acabar?

Esta será possivelmente a primeira ideia que nos surge, e é expectável, por isso vamos enumerar ideias-chave sobre como ajudar as crianças nestes momentos.

As crianças fazem muitas perguntas, por isso, quanto mais bem preparado estiver, mais fácil vai ser responder a qualquer assunto.

Esteja atento

As crianças muitas vezes não conseguem expressar o quanto se sentem inseguras, angustiadas ou com medo. Por isso é importante estar atento a eventuais mudanças

comportamentais (birras mais frequentes, maior dependência do outro, alterações de padrões do sono/alimentação, …). Caso note alterações, fale de modo calmo com ela e tente tranquilizá-la.

Seja verdadeiro

Para falar sobre guerra, pode explicar sobre o que é uma batalha. Explique que são dois grupos de pessoas que estão a lutar por algum motivo

(podem dar exemplos). Não deixe de dizer que as armas são utilizadas e que as guerras não são justas e resultam muitas vezes em mortes e traumas.

Somos constantemente bombardeados com novas informações sobre a atual situação, algumas verdadeiras e outras nem tanto; algumas que podem ser compreendidas por uma criança, outras que só vão impulsionar a ocorrência de sentimentos de medo e angústia.

Assim, sempre que possível evite expor a sua criança aos noticiários e redes sociais, pois não irão ajudar.

Cabe-lhe a si explicar numa linguagem acessível à faixa etária na qual a criança se encontra, explicar-lhe o que se está a passar e não adianta tentar arranjar explicações não verdadeiras, só para responder a eventuais perguntas e inquietações da criança.

Seja verdadeiro até porque as crianças são hábeis a perceber se está a falar com toda a verdade/ segurança, ou não.

Não tenha receio de dizer “Não sei!” a uma pergunta que a criança coloque, pois ela entenderá; aliás, a maioria das crianças já se apercebeu que o que estamos a viver é uma situação atípica e nova para todos.

Lembre-se de que cada idade precisa de um tipo diferente de diálogo e que este é um assunto muito delicado.

Tente sempre usar palavras que sejam de fácil entendimento para a criança e mostrem-lhe que a compreensão e o amor ao próximo são muito importantes e que um dia serão mais fortes que toda e qualquer divergência humana.

Se tiver filhos pré-adolescentes, este é o assunto mais indicado para começar a ensiná-los sobre as diferenças entre as pessoas, principalmente com relação à forma de pensar de cada um.

É nesta fase que o seu filho começa a desenvolver ideias próprias, e os pais são os principais responsáveis por direcioná-los por um caminho adequado ao convívio humano pacífico.

Só conseguimos mudar o mundo, se construirmos homens e mulheres que valorizem mais a Humanidade do que tudo o resto. Vamos educar as crianças para a Paz.

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