Um dos vilões na aquisição da linguagem é a variedade de equipamentos eletrónicos que existe nos dias de hoje. O contato cada vez mais precoce com a televisão, tablets e smartphones pode ser prejudicial para os miúdos.
O ideal é a criança não ter contato com nenhum desses dispositivos antes dos dois anos de idade, e depois ter um acesso limitado e controlado.
E sim pais, existe alguma influência, porque o ecrã afeta o crescimento sensorial da criança, que é importante para o desenvolvimento da linguagem, visto que estes ecrãs têm a capacidade de “enganar o cérebro”, distraindo a criança e dificultando que aprenda ou se desenvolva durante o contato direto com os equipamentos.
Este fenómeno está relacionado a algumas características sociais, porque os pais têm tido menos tempo de qualidade com os filhos, e que as horas que passam juntos precisam de ser de interação, conversa, brincadeira, leitura de histórias e qualquer atividade que tenha a conversa como intermediária.
Para os médicos, em geral, os atrasos de linguagem são “maturacionais”, e portanto, transitórios, à medida que a criança cresce, se desenvolve e amadurece.
Mas também há casos “lesionais” que revelam um distúrbio. A fala alterada ou trocas, por exemplo, é normal e transitória até aos três, quatro anos de idade. Depois disso, pode ser um problema, que precisa de ser avaliada, pois poderá ser indicador de alteração do desenvolvimento.
Pedimos à nossa terapeuta Marta Henriques Algarvio para nos explicar a importância da terapia da fala no contexto escolar:
A Terapia da Fala tem uma área de atuação muito abrangente, destinando-se a todas as faixas etárias. Não há uma idade ideal ou adequada para a terapia da fala.
Não é suposto “dar tempo para que a criança cresça” ou “esperar que entre no 1oº ano” quando há dúvidas quanto ao desenvolvimento da fala e da linguagem.Há sim, a necessidade de procurar esta especialidade tão cedo quanto possível – o objetivo primordial é detetar, prevenir e atuar atempadamente nas alterações e/ou dificuldades no desenvolvimento da fala, linguagem e comunicação.
Mais precisamente em crianças, a intervenção assenta sobretudo no desenvolvimento de competências intimamente ligadas à aprendizagem da leitura e da escrita (que às vezes ainda pode parecer longínqua – no caso de crianças mais pequenas – mas que se constituem como pilares estruturais que vão ser determinantes para as competências linguísticas esperadas à entrada no 1º ciclo).
Não esqueçamos que o desenvolvimento da criança é uma continuação de novas etapas se vão desencadeando gradualmente à medida que outras estão concluídas.
Assim, o Terapeuta da Fala intervém principalmente:
– na melhoria da consciência e produção correta dos sons da fala, desenvolvendo a capacidade de compreender, distinguir e produzir os sons da fala;
– no desenvolvimento da linguagem expressiva e compreensiva, melhorando a capacidade de compreender e utilizar frases progressivamente mais corretas e complexas.
O Terapeuta da Fala intervém para que, de uma forma harmoniosa e lúdica, a criança melhore gradualmente o seu desempenho linguístico, atingindo competências adequadas à sua idade e/ou ano de escolaridade.