Um dos principais papéis dos pais na vida dos filhos é transmitir os seus valores sobre o mundo. A importância de dizer não às crianças é fundamental para que as crianças se tornem adultos éticos no futuro.
A forma como pais e mães transmitem os seus valores aos mais pequenos, diz muito sobre a sua forma de ser e de exercer o seu papel.
A capacidade de educar sem chocar ou causar terror às crianças é um grande desafio e claro que não existe uma receita pronta para que isso seja feito.
A importância das regras para crianças
Assim como a rotina, as regras e os limites são fundamentais, pois saber até onde pode ir, contribui para que as crianças se sintam mais seguras e confiantes, estimulando o autocontrole e ensinando- as a viver em família e em sociedade.
Ao aprender a respeitar as regras e os limites estabelecidos pelo núcleo familiar, os mais pequenos preparam-se para se adaptar a comunidades maiores, como a escola e, futuramente, ao ambiente de trabalho, por exemplo.
Como estabelecer regras?
Fazer as refeições à mesa, tomar banho antes de dormir, deitar-se até às dez da noite, levantar o prato depois de o usar, e por aí fora.
Cada família determina as suas próprias regras, de acordo com a sua rotina e os seus valores. Porém, independentemente das regras que estabeleça, o ideal é introduzi-la na rotina do seu filho de uma forma bastante clara.
Converse e explique, calmamente, perguntando sempre se restou alguma dúvida. Combine com a criança o que é preciso fazer, porque é importante que isso seja feito e qual será a consequência, caso a regra não seja cumprida.
Outro ponto muito importante é que as regras sejam executáveis e adequadas à idade do seu filho e no caso de não ser cumprida, não ameace com “castigos” que não terá coragem de fazer.
Estabelecendo limites: que tipo de pai/mãe é?
De uma maneira geral, a liderança familiar pode ser exercida de três formas, levando em consideração a maneira como os pais educam e lidam com seus filhos.
– O pai/mãe autoritário é aquele que estabelece os limites de forma inegociável. Ele define aquilo que considera que é certo, errado ou permitido para o pequeno, sem a possibilidade de revogação.
– Também pode ser um pai ou uma mãe que dê prioridade à igualdade e permita que o seu filho faça negociações acerca de uma regra ou um limite. Para isso, é preciso que construa argumentos bem fundamentados e pautados na verdade, para conversar com o seu filho.
– Por fim, o permissivo, que é uma das características de um pai/mãe liberal. Deixar que as crianças descubram o mundo por si mesmo é uma das principais formas de educar quando opta por esse tipo de paternidade.
Considerando as diferentes formas de pensar a liderança familiar, é necessário que os pais reconheçam qual delas condiz melhor com sua maneira de ser.
O importante, independente do seu estilo de liderança, é de se adaptar ao modo infantil de ver o mundo e conversar de forma justa e sincera com o seu filho sobre limites e permissões.
As regras negociáveis e as inegociáveis
Seja qual for a forma que exerce a sua autoridade sobre o seu filho, é importante que ele saiba que existem algumas regras que não são passíveis de negociação. Por exemplo, tomar banho, ir à escola, ou o ir dormir não pode ser algo revogável. Agora, uma ida ao parque pode ser conversada.
Não espere que o seu filho nasça com valores éticos já fundamentados. Uma criança não sabe se deve ou não reagir de forma agressiva a uma ameaça. É preciso que a ensine a lidar com as diferentes situações.
Explicar que cada coisa tem a sua hora e o seu lugar é importante para que, aos poucos e a partir do diálogo, o seu filho construa a sua própria visão do mundo.
Isso acontecerá no fim da infância, antes disso, é você que deve fornecer bases para que ele se adapte ao mundo. Saber os limites em relação ao outro, por exemplo, é algo fundamental para que a criança construa a sua vida social, fora do círculo familiar.
Como iniciar um diálogo sobre regras?
Elaborar estratégias disciplinares com as crianças é uma tarefa e tanto. A partir dos seis anos, as crianças já são capazes de interiorizar as regras que são impostas. Por isso, é ideal que, a partir desta idade, elas já possam ser responsabilizadas por as cumprir ou não.
Responder às regras é necessário para que a criança desenvolva a sua autonomia e, só é possível dar autonomia a uma criança a partir do momento em que podemos confiar que ela responderá aos comportamentos que lhes ensinamos.
A autonomia é recorrente no comportamento dos mais pequenos em relação a essas regras. Quando falamos de autonomia, não estamos apenas referindo-nos à ideia de obediência, mas da capacidade de apreciar as normas por motivos diferentes, respeitando-as e, até mesmo, compondo as suas próprias regras, no sentido de desenvolver também a sua autonomia moral. É aqui que a criança desenvolve da capacidade de se auto-regular.
É a partir do sexto ano que as crianças passam a experimentar sentimentos de justiça, de certo ou errado e de castigo. Ou seja, começam a interiorizar, de fato, as regras sociais.
No entanto, apresentam ainda algumas dificuldades em tomar decisões, apesar de terem a crença de que regras são imutáveis. Isto significa que, a partir desta fase, as crianças passam a regular o seu próprio comportamento com base em sentimentos como medo da punição e amor ao outro.
A regra é: conversar, conversar e conversar!
Todos os membros da família são de grande importância no momento do diálogo sobre as normas. Isso porque quanto mais a criança sentir que o pensamento sobre um comportamento ou uma regra é compartilhado por pessoas que ela tem como referência, mais motivos ela terá para respeitá-las.
Por fim, tente explicar tudo o que acredita com verdade para a criança, usando uma linguagem adequada à sua compreensão.